De empresas consolidadas a startups, o ESG fez a responsabilidade ambiental, social e de governança se tornar central nas estratégias corporativas. Mas por que o ESG tem se tornado cada vez mais relevante?
A sigla ESG se tornou um playbook para empresas que desejam trilhar um caminho de crescimento sustentável e a pressão que tem tornado o ESG cada vez mais relevante na agenda corporativa vem de dois lados: o mercado consumidor e o financeiro.
Do lado do consumo, os clientes passaram a privilegiar produtos e serviços de empresas sócio ambientalmente responsáveis. Do lado do financiamento, os investidores passaram a priorizar – e pagar mais – por ações de empresas que praticam o ESG.
Nas grandes empresas, como as de capital aberto, a prática passou a significar um gatilho de consumo: os clientes passaram a preferir, mesmo que não de forma completamente consciente, empresas que assumem a responsabilidade de alinhar suas ações às recomendações do ESG.
A Apple, por exemplo, assumiu compromisso de neutralizar a emissão de carbono de toda sua cadeia produtiva até 2030, tem focado em novos produtos construídos com material reciclado e adotado estratégias audaciosas mesmo para uma empresa tão pioneira quanto ela, no sentido de incentivar um consumo mais consciente e evitar o descarte de materiais não recicláveis na natureza. Um exemplo icônico disso foi a remoção do adaptador de recarga das caixas dos iPhones – medida que, posteriormente, também veio a ser adotada por outras empresas, como Google, Samsung e Xiaomi.
Os investimentos nessas empresas também passaram a ser prioridade por conta do capital disponível: os ativos de fundos sustentáveis cresceram 12% globalmente para US$ 2,24 trilhões no final de junho do ano passado, no auge da pandemia, de acordo com o Morningstar. Os títulos sustentáveis, incluindo títulos green e sociais, cresceram 76% no primeiro semestre de 2021, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.
Os assets ESG representam um terço dos assets globais sob gestão, tendo superado US$ 35 trilhões em 2020, de acordo com a Global Sustainable Investment Alliance. Mas por que isso vem ocorrendo? Ocorre que investidores perceberam que, quando pensavam em estratégias de longo prazo, não fazia sentido injetar capital em empresas que não praticam o ESG – no médio prazo é provável que empresas que não divulgam métricas de sustentabilidade detalhadas não serão aceitas ou consideradas por investidores e órgãos reguladores.
Mas por que startups também deveriam se preocupar com tema?
Na tendência crescente de valorização de empresas de capital aberto que observam os princípios ESG, os fundos de Venture Capital também vem adotando uma postura de preferência por negócios que atendem aos critérios do ESG, conhecidos no segmento de VC por greentechs.
O apetite dos fundos por ESG se justifica: é uma oportunidade de trabalhar com as empresas desde seus estágios mais iniciais, uma oportunidade única de ajudar os fundadores a alinharem suas práticas desde o princípio.
Sendo uma oportunidade de criação de valor, a falta de atenção ao ESG também pode significar a perda de um investimento: segundo estudo da Pwc, 65% dos investidores possuem uma política de investimento responsável (ESG) e 56% dos entrevistados recusaram acordos de parceria/investimentos por questões ESG.
Cada vez mais o ESG se torna uma exigência do mercado global. Com isso, as empresas brasileiras já começam a se mover para se adequar aos critérios. No caso das startups, essa é uma chance de já começar de forma correta, sem depender de grandes mudanças – caras e demoradas – em seus processos no futuro.
A crescente atenção ao tema entre as startups também encontra respaldo em constantes pesquisas que demonstram que o investimento alinhado ao ESG não compromete os retornos financeiros e muito frequentemente performa melhor do que aqueles que não observam as práticas.
Assim, uma sociedade que crescentemente passou a preferir – ainda que não deliberadamente – os produtos e serviços de empresas responsáveis culminou em uma nova prática dos investimentos: a de valorizar empresas e startups que praticam a responsabilidade ambiental, social e de governança.
E o seu negócio? Como o mesmo tem tratado o ESG? O mesmo já se tornou central no seu direcionamento estratégico, sua empresa ainda está “tateando” o tema e buscando aprender sobre ele ou ainda nem acordou para assunto?
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