A estratégia clássica, baseada no paradigma econômico, atribui a principal fonte de vantagem competitiva de uma organização à sua capacidade de prever o futuro e se planejar para chegar aonde almeja neste cenário previsto, provável. Em contraposição a este paradigma, a estratégia contemporânea afirma que, como a realidade nem sempre sai conforme o previsto, a real fonte de vantagem competitiva não é a capacidade de predição, e sim a resiliência organizacional, ou seja, a capacidade da organização não de antever o futuro, mas de se adaptar ao cenário presente e extrair dele vantagens competitivas antes de seus concorrentes, qualquer que seja o cenário. Faz sentido, afinal, se a realidade é imprevisível, ela o é para todos e, portanto, a capacidade e velocidade de adaptação emergem como características muito mais relevantes ao sucesso organizacional do que a capacidade de predição, que seria, em última instância, uma falácia.
Esta é a perspectiva de Henry Mintzberg, um dos acadêmicos e autores mais respeitados quando o assunto é estratégia e estruturação organizacional. Na verdade, o autor aponta não uma, mas 3 falácias da estratégia clássica:
Por isso, aqui vão algumas dicas:
Quer um exemplo super contemporâneo e notório de uma adaptação estratégica? Toda as Big Techs foram, de certa forma, pegas de surpresa pela rapidez com que esta nova onda da inteligência artificial (IA) se alastrou e popularizou. Geralmente, revoluções tecnológicas como esta são identificadas em retrospecto, como a revolução industrial de 1760 e da internet na década de 90. Mas esse não foi o caso da IA, que em poucos meses teve seu uso disseminado no mundo todo através do Chat GPT, da Open AI. Nem mesmo um de seus fundadores, o polêmico bilionário Elon Musk, que chegou a doar U$ 100 milhões do próprio bolso para a empresa, foi capaz de imaginar o que estaria para acontecer. Tanto que ele próprio deixou o negócio antes do boom do Chat GPT, quando a Open AI ainda era uma ONG sem fins lucrativos. E qual foi a reação das Big Techs a esse evento inesperado? Todas se viram obrigadas a, rapidamente, adaptar seus planos estratégicos.
No mundo todo, vivenciamos o maior turnover de engenheiros e programadores da história, com dezenas de milhares de pessoas sendo despedidas pelas empresas de tecnologia, que passaram a competir freneticamente pelos escassos especialistas em Inteligência Artificial.
A Tesla acelerou seus investimentos no Copilot e em seu supercomputador Dojo, que, segundo analistas do Morgan Stalenley, tem potencial de conferir à empresa uma “vantagem assimétrica” no uso da inteligência artificial, vindo a agregar centenas de bilhões de dólares ao valuation da companhia.
O Google, por sua vez, passou a investir todas as fichas no seu próprio motor de Inteligência Artificial, o Bard, que a empresa recentemente rebatizou como “Gemini”.
Já o Facebook, que em 2021 mudou seu nome para META, pela posição central que o projeto METAVERSO chegou a ocupar na estratégia da empresa, deu um cavalo-de-pau na sua estratégia e pausou o projeto para redirecionar seu foco e recursos na Inteligência Artificial.
No entanto, a meu ver, o player que fez o movimento estratégico mais acertado foi aquele que saiu na frente e, antes de suas concorrentes, foi capaz de “perceber” o que estava acontecendo. Antes mesmo de o Chat GPT ter se disseminado mundo afora, a Microsoft viu ali uma oportunidade e investiu U$ 13 bilhões para adquirir 49% da Open IA. Desde então, a empresa está trazendo os recursos da IA para suas próprias soluções, como o pacote Office, para melhorar a experiência e potencializar a produtividade de seus usuários. O resultado? Uma valorização da Microsoft em mais de 1 trilhão de dólares (com “T” mesmo) em menos de um ano, o que a levou a desbancar a Apple do posto de empresa mais valiosa do mundo na data em que este artigo foi escrito. Este é o poder da resiliência, da adaptação organizacional!
Planejamento é importante, mas resiliência é fundamental. Como diz a máxima do exército israelense, “se houver disparidade entre o mapa e o terreno, soldado, fique sempre com o terreno.”
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